quarta-feira, 30 de março de 2011

Meu lembrete de espelho do banheiro

"Até um um violão sem cordas se torna canção, basta não desistir de manusear."


A cada amanhecer aprendo que pouco ou quase nada valem as coisas que não são pra serem vividas com o coração.

Camila Lourenço

Quando você me mostra quantas posso ser

"É o lugar que achei: entre o céu e o inferno" |Violins|

Se fosse em qualquer outro momento da vida eu já teria feito uma vitamina de paixão disso tudo - sem bater no liquidificador. E você sentiria isso - e muito mais - a cada toque e entrega.
Se fosse em qualquer hora do dia de qualquer dia dessa vida onde o certo é sempre o que já passou, eu ficaria no seu colo. Seria sua calmaria e também sua tempestade. Seria sua dama e sua amante ardente.
Mas, não é qualquer outro momento da vida, nem qualquer outro dia. É agora. E no agora, você tem a parte de mim que mais me intriga: a que eu desconheço. E por isso mesmo carrego aqui no peito, costas, nuca, cintura, boca e pele a sua marca tatuada, me lembrando que não há doçura tão grande que o fogo não possa se fazer rei - nem vice-versa.

Camila Lourenço

terça-feira, 29 de março de 2011

Sobre crescer


Ela passou a mão em meu rosto, com todo aquele carinho que lhe era peculiar. Olhou bem fundo nos meus olhos e disse: "Eu sei que você pode ser muita coisa. Pode ser o que quiser ser. Mas, não use todas as suas gotas em poços que você não sabe ainda se serão algo mais além do que só poço raso. Seja oceano, mas seja também, as vezes, só copo d'água. "
Naquele dia eu aprendi sobre o que era crescer. Naquele dia comecei a me subdividir. Continuei sendo arco-íris, mas agora, usava a cor devida para cada lugar.

Camila Lourenço

segunda-feira, 28 de março de 2011

Tentar - por que não?

"Há um cais de porto pra quem precisa chegar." Herbert Viana



As vezes basta descruzar os braços e estendê-los. Alguém vem e te puxa. Quem se protege demais, além de evitar dores, evita também abraços. Vamos nos permitir.



Camila Lourenço

sexta-feira, 25 de março de 2011

Sobre se libertar


Poucas dores resistem à queda das roupas de drama.
Dispa-se.


Camila Lourenço

Meu querido conta-gotas de felicidade

"Eu acho tão bonito isso de ser abstrato baby. A beleza é mesmo tão fugaz..." Lulu Santos

Eu tinha a vida pulsando na boca sempre que ele me tocava.
As vezes, a mastigava como se fosse sucrilho, só para ouvir aquele som gostoso e crocante. As vezes, deixava parada entre o céu da boca e a língua, derretendo, só pra sentir bem demoradamente cada sensação. E eu a sentia descer queimando pela minha garganta, num gosto disfome que unia amargo, salgado, doce, azedo e se tornava no total um sabor que me viciava a cada partícula digerida.
Era como o céu enluarado das fazendas. Como as tardes de verão carregadas de nuvens escurecidas de São Paulo. Era um tudo e um nada cheio de tudo. Era inconsequência, risco, vida... era ser ser humano cru e nu.
E os cantos da minha boca tocavam as orelhas a cada besteira ouvida, sentida, subentendida.
E eu aprendia querer bem independente do quê, como, ou quem era. Só queria bem.
Aprendia ser curiosa e ouvir mais uma vez os sons que um dia a mim foram tidos por feios.
E no meio daquela bagunça toda, eu crescia. E de um jeito esquisito descobria que a vida é uma coisa meio assim mesmo, com um gosto diferente a cada dia. Sem fórmulas previsíveis. E que apreço nunca seria algo que eu doaria por merecimento. Era algo que simplesmente nasceria pelo que de uma maneira ou de outra, mesmo que de uma forma inconvencional conseguisse me pegar pelas mãos e me deitar numa cama gostosa e fofa chamada felicidade - ainda que momentânea. E eu aprendia que a felicidade, no fundo é isso mesmo: um amontoado de momentos.

Camila Lourenço

quinta-feira, 24 de março de 2011

Sabedoria que o tempo traz

"E quem me vê apanhando da vida, duvida que eu vá revidar..." Chico Buarque


Como disse Shackespeare, com o tempo a gente aprende. Aprende mesmo. Muita coisa.
Aprende que é melhor estar no volante da própria vida que no banco do passageiro.
Que somos fortes não porque nada nos abala, mas sim porque sabemos que temos capacidade de superar o que nos tira o chão.
Aprende a não dar-se por fiado nem fazer desconto pra que levem a nós mesmos, assim, sem merecer. E deixamos de ser generosos e paramos de dar frutos pra quem não planta nenhuma muda sequer.
Com o tempo aprendemos a conviver com os caroços no coração e descobrimos que não iremos morrer se não for a hora. Ou seja, tem coisas que podem doer o tanto que for, que não vão nos matar, e iremos até aprender fazer alguma coisa de útil com aquela dor.
Aprendemos que sentir saudade do que não temos é uma coisa idiota, mas que provavelmente, continuaremos sentindo.
Com o tempo a gente aprende a ser gente com a gente mesmo. E de todos os aprendizados, esse é o mais importante.



Camila Lourenço
(Obrigada Camila Heloise, pela imagem e por tantos aprendizados que me passa por tabela através de seus textos, e Sandrio, pela forma tão carinhosa e protetora com que se referiu a mim em seu blog. À todos que estão sempre passando por aqui, o meu muuuito obrigada!!! Saber esses olhinhos neste espaço me lembra o que é ganhar. Um beijo!)

quarta-feira, 23 de março de 2011

Presente diário


Não sou feita de metades. Sou composta por pedaços. Não sou só amarelo, sou aquarela.
E ter todas as cores fluindo do peito é o meu melhor castigo.
Melhor é experimentar o negro de uma soma de cores e saber que há um arco-íris de sensações para serem sentidas, que ficar preso sempre numa só cor e nunca saber como seria assistir o pôr-do-sol se o céu não estivesse laranjado.
O meu céu tem uma cor diferente todo dia. E esse é o meu presente mais especial.


"Love Story/Viva la vida - Classic Version by Jon Schmidt"

Camila Lourenço

terça-feira, 22 de março de 2011

O danado gostoso

Beijos bem dados me pegam pelas pernas, coxas, ancas, coração e alma. E de tão bons me parecem vir do inferno. Por que paraísos tão ao alcance da boca, só pode ser fruto do capeta.
...
Então, Deus, (desculpa), mas, podemos negociar o que significa céu-na-terra ao menos enquanto eu ainda estiver "viva" e por aqui?


Camila Lourenço

E não saber jogar é a minha sina


Só tem um momento que sei jogar: Quando não me importo.
Quando não gosto, quando não quero, quando não nada. Aí não é nem que jogo, que faço tipo. Eu só não quero mesmo. Nada.
Quando não é este o caso, os meus pés vivem entre as minhas mãos. Faço as coisas que tenho vontade, depois bato a cara na parede me chamando de otária, depois dou risada, depois fico noiada. E descubro que de fórmulas e regras eu não sei é nada.



Camila Lourenço

Pra ficar bem


Tudo bem que os pensadores fizeram a história. Tudo bem que por pensar demais, muitos ganharam guerras. Mas hoje, Deus, não quero fazer história, não quero ganhar guerra. Só quero deitar e dormir em paz.
Então, por favor, pode me ensinar a não pensar?



Camila Lourenço

segunda-feira, 21 de março de 2011

sexta-feira, 18 de março de 2011

Pra recomeçar

"Amor pra recomeçar." Frejat


Eu queria trazer pra você hoje uma coisa bonita, feliz, sincera.
Mas estou toda estragada, quebrada. Mas, catei o pedaço mais colorido e bonito meu que vi espalhado naquele canto que eu estava até agora e te trouxe.
Tá aqui. Tem uma parte em branco, e aqui está também a minha coleção de lápis de colorir. Pode completar com a cor e o desenho que você quiser. Dos destroços, respirei aliviada, porque esse pedaço que encontrei é o que há de melhor e mais importante em mim.
Faz um carinho nele, um desenho com seu jeito e sua cor, bote-o pra dormir, de preferência bem ai, entre seus braços e seu peito.
Pode tomar conta, deixo aqui meu coração. Acho que você pode consertá-lo e fazê-lo de novo sorrir.


Camila Lourenço

Aprendendo a ser feliz


Égua não tem chifre.
Ovo não tem pêlo.
Seres encantados em cima de cavalos brancos não passam na esquina.
Aceitei esses fatos e parei de procurá-los. Agora posso dizer que comecei de fato a viver.





Camila Lourenço

quinta-feira, 17 de março de 2011

Força que brota de espinhos

"Aquilo que não me mata, me fortalece." | Friedrich Nietzsche|

Parei. Olhei para o céu. O sol continuava lá, brilhante e lindo como sempre, e não achei ironia.
Respirei fundo e aceitei o que havia em mim. Vi meus erros e não os ignorei. Olhei-os nos olhos para descobrir o que havia deles em mim.
Aceitei que impulso era algo meu, e o encarei, para poder assim, no momento preciso, o enfrentar e frear.
Vi os pagamentos dos pecados que cometi, e vi os que a mim foram atribuidos pelo crédito imerecido que por várias vezes, burra ou talvez ingênua, havia oferecido a quem aparentemente não merecia minha desconfiança.
Presenciei meus julgamentos e condenações merecidas e imerecidas e aceitei o fato que na vida, sempre irão nos julgar, que nem sempre mereceremos sentar no banco dos réus, e aceitei ainda, que muitas vezes, nos colocariam lá sem nem mesmo sabermos por quê.
Aceitei a mim.
Aceitei. Respirei. Olhei para o céu mais uma vez, e vi, através daquela luz, que a vida, apesar de todos os pesares, continuava - e continuaria- linda. E eu sabia disso. E bem ai, morava a minha força.


Camila Lourenço

Lidando com minhas loucuras


Todo mundo tem seu jeito de mudar. O meu é afrouxando o abraço das panelas quentes que me queimam. Não as solto de uma vez porque até mesmo da dor eu preciso me livrar aos poucos. Separações repentinas a mim causam males piores que queimaduras.





Camila Lourenço

quarta-feira, 16 de março de 2011

O espaço que massa não preenche

"Eu vivo todos os dias na esperança que chegue logo o dia de morrer em seus braços."

Ele parece vir sempre do lado errado. Da direção mais fria. Traz dentro de si um fogo que se derrama em palavras, silêncios, flores, lágrimas, sorrisos, abraços e o faz correr em mim como lavas de vulcão.
Eu peço por ele todos os dias e me esquivo outros tantos.
Todas as vezes que o encontrei, eu estava brincando. Ele chegava todo esfarrapado e eu o recebia e o inseria na brincadeira também. E enquanto eu rodopiava segurando suas mãos na praça em frente casa, ele soltava teias invisíveis que entravam pelas minhas veias e iam me manchando o corpo inteiro até chegarem ao que me mantem viva e fazê-lo bater de maneira feliz-triste e estranha. Quando eu voltava pra casa notava que minhas veias estavam mais ressaltadas e começava sentir um buraco de falta crescendo bem aqui, no peito.
Nos 'inícios' era até engraçado. Tomávamos sorvete juntos e varávamos a madrugada lendo aqueles textos que nos fazia rir e chorar. Quando eu deitava na cama, ele entrava em meus sonhos e eu aprendia não querer acordar, e quase todo dia perdia a hora, fechando os olhos freneticamente para voltar para aquele sonho bom.
O problema disso tudo é que ele sempre aparecia quando não podia ficar, quando eu tinha que deixá-lo ir. Parecia sempre não ser o dia certo, ou a pessoa certa. E eu aprendi ter medo das suas aparições.
Ele me faz sentir frio no calor e os seus braços tornam-se um convite mais tentador que cobertor e chocolate quente em dias de chuva.
Ele me faz ter calor em dias de tempestade, e dançar na chuva segurando suas mãos parece sempre melhor que qualquer viagem pro exterior.
Ele me faz querer ficar presa por vontade.
E por vir sempre da direção errada, ainda com alguns resquícios de neve em suas roupas rasgadas, eu sempre quero que ele fique. Eu sempre quero aquecê-lo e dar-lhe roupas novas, ou só ficar olhando para o quanto ele fica bonito até de roupas cinzas e velhas e jeans rasgado. Mas ocupada em o aquecer eu acabo ficando dependente daquele abraço. E quanto ele se vai, mesmo o dia estando quente, tudo se torna frio.
Por isso o temo. E por isso todos os dias ajoelhada ao redor da cama e de mãos cruzadas bem apertadas, peço: "Deus, manda-o pra mim. Ele pode vir maltrapilho, (eu não gosto mesmo de coisa amarradinha). Mas, dessa vez, mande-o para morar em mim, pra ficar tatuado na minha pele, pra ser a ponte de safena do meu coração e a ligaruda dos meus pulmões. Mande-o pra ficar."



Camila Lourenço

terça-feira, 15 de março de 2011

Sem fórmulas


Aprendo todo dia que mundo bom mesmo é o que a gente tem no coração. E que "manicômios" as vezes podem até ser paraíso. Depende só de qual loucura nos prende por lá.


Camila Lourenço

segunda-feira, 14 de março de 2011

Uma bóia por favor

Deixa eu falar, deixa eu falar, por favor, deixa eu falar?
Deixa eu contar que eu já posso mudar de estrada, que já posso sair desse oceano que pulei querendo sentir o mar e a liberdade de estar nele sozinha.
Pode lançar a bóia. Pode me salvar. Já cansei desses braços livres e desse coração solto.
A armadura estava me pesando e acabei de tirá-la...agora ela já pousa no fundo do mar.
Eu nadei quando cansei de mergulhar e ver toda essa beleza sozinha, mas não cheguei à praia alguma, e sei que sem o salvamento não chegarei. Não vejo horizonte algum além dessa imensidão azul, que mesmo sendo linda e instigante se torna triste se vista sempre só por um par de olhos solitários.
Eu me rendo.
Me salva?


Camila Lourenço

O que cabe em quase toda situação

Tem dias que o que mais queremos é gritar todas as dores que machucam a alma. Apontar dedos na cara, chorar, colocar pingo nos is, se abrir e deixar a sinceridade dos pensamentos e sentimentos tomar conta de cada pedacinho de tudo que nos envolve.
Mas gritar nem sempre é pérmitido. Aliás, gritar na maioria das vezes não é aconselhável.
Então, nestes momentos, me recuo para o silêncio contido daqueles que sabem que o tempo é a solução para quase todos os problemas.



Camila Lourenço

sexta-feira, 11 de março de 2011

Das mentiras que contamos pra nós mesmos

A desvantagem de oferecer somente metade do nosso todo é que o que há em nós de mais profundo e sensível é o primeiro que não dá pra ser escondido.
A irônia disso tudo é que quase todos pensam exatamente o contrário.

Camila Lourenço

Tomando as rédeas

Sai de casa decidida. Entrei naquela loja e comprei váaarias latas de tintas, de todas as cores disponíveis.
Munida da minha arma, cheguei e nem pensei duas vezes: pintei toda aquela parede que me impedia de ver o sol com a mistura mais estranha e mais linda de cores que eu pude fazer.
Se vou ter que conviver todos os dias com a falta do meu sol, vou decidir ao menos que cor será a parede que se encontrará com minha visão.
Se eu enjoar dessas cores? Amanhã eu pinto de outra. Comprei tintas o suficiente para todos os becos sem saida que a vida, as pessoas ou mesma me impuser.


Camila Lourenço

quinta-feira, 10 de março de 2011

Minha dependência consentida

E quando eu coloco tudo em ordem, você vem e chuta meu castelo de areia, dança em cima dele e sorri pra mim com essa cara de não sei o quê, de menino pidão, de "vem dançar também'. E entre emputecida, envaidecida e apaixonada, eu sento enquanto assisto você sambar na areia olhando pra mim. E sem resistir às suas risadas me levanto e caio no samba com você também. E você me pega pela nuca e me beija, e ai eu entendo porque me deu tanto trabalho construir aquele castelo pra me entreter de você. E a gente cai no mar, e com as ondas batendo em nossos corpos molhados e unidos, pouco me importa o castelo, a areia, o escambal que seja. Eu só quero aquilo: Você. Comigo. Assim.
E esse é meu mal e o meu bem. Minha perdição e salvação.
Você me vicia.





Camila Lourenço

Das minhas manias bobas

Reler é sentir duas vezes.
Eu sinto duas vezes várias vezes.


Camila Lourenço

quarta-feira, 9 de março de 2011

Tempo do aspiro

Eu, que sei dos meus infernos, céus, montanhas-russas, solidão e companhias, prefiro as vezes parar para absorver o que não se fala, mas que se sente.
O que marca nem o tempo muda. Mas até mesmo com a tatuagem mais linda é preciso um tempo de carência para que a imagem do corpo que a recebeu volte a ser a conhecida de sempre.



Camila Lourenço

terça-feira, 8 de março de 2011

Hora da virada

Já vi mulheres darem crise de choro, de riso, de raiva, de amor, de tpm.
Já vi serem semi-santas e meio demônias.
Presenciei quase morrerem e matarem pelos seus, e também viverem a vida pouco se importando como está o que um dia saiu do seu ventre.
Já vi mulher surtada, exasperada, desesperada. Amiga, amante, carinho.
Mulheres que o sucesso transborda de cada poro, e outras porém que o sofrimento fica explícito até mesmo na forma de olhar.
Já vi vitoriosas. Já notei as que se sentiam perdedoras.
Vi as que acreditavam em contos de fadas, vi também as que de tão duras quase pareciam ter mãos de ferro.
Já vi mulher levantar um cara, e já vi também o destruir.
Já vi as que ajudaram seu companheiro enriquecer e também as que depenaram até o último vintem.
Já li, ouvi, assisti mulheres de todos os jeitos. Boas, guerreiras, estranhas, noiadas, carinhosas, secas, amigas, "não me toques", desveladas, amáveis, malvadas. Vivi pouco, mas já vi um pouco de muitas. E três coisas aprendi. 1: A maioria das mulheres ainda não conhecem a grandiosidade do poder que possuem. 2: Até mesmo as atitudes mais estranhas de uma mulher, tem explicação. 3: Coração com amor é uma caracterísitca de todas, mesmo das mais estranhas e secas.
A todas, as que sabem um pouco do poder que tem, as que não sabem. As que são docéis e amáveis, as que nem tanto. às que apesar dos tombos da vida ainda não perderam a doçura e a fé, às que não se permitem mais ficar de "nhemnhemnhem". A todas vocês, as que se acham bonitas e as que mal conseguem se olhar no espelho. No dia de hoje, dia internacional da mulher, não vou dar parabéns, não vou relembrar histórias, vou deixar apenas um recado. Todo ser humano tem um poder imenso nas mãos. O poder da mulher, porém, é ainda maior. Ela dá a vida, tem jogo de cintura, sabe mentir sem ferir se for para proteger algo ou alguém, e sabe também ser justa quando quer. O recado é: Parem de se limitar e comecem a usufruir de todo o poder que tem nas mãos. (Também vou seguir meu conselho.)
Tá na hora das mulheres pararem de serem protagonistas apenas na política ou no ramo profissional e começarem a protagonizar de forma feliz o que sabemos fazer de melhor: amar.

08 de março: Dia Internacional da Mulher

Camila Lourenço

segunda-feira, 7 de março de 2011

Retomando

E olhando fixamente para aquela estrada a qual estava percorrendo, nada via além de um céu carregado de nuvens negras, um chão árido, um caminho todo cheio de buracos e pedras e a certeza de que aquela não era nem de longe a estrada mais atrativa que já havia visto.
Porém, quando desviou o olhar um pouco para o lado viu há menos de dois passos dali o caminho no qual estava antes de tomar a decisão de andar na estrada sombria. Seu caminho antigo continura lá. Nele o dia estava claro e o céu sem nuvens. A vegetação ao redor não era cheia de flores, mas a plantação era verde e havia muitas árvores ainda pequenas e em uma e outra já começava brotar flores. O asfalto era relativamente novo, apesar de alguns pequenos buracos que havia aqui e ali, mas o que mais lhe chamou a atenção é que havia seu nome grifado nas partículas do ar que dançavam naquele lugar. E como se fosse bolhas de sabão coloridas ela via seu nome cair em cada pedacinho daquele chão que agora ela sabia, era o seu chão.
Voltou o olhar para a estrada sombria na qual estava, que mesmo sendo dolorida de percorrer havia aprendido gostar. Deu uma última olhada em tudo e aspirou mais uma vez aquele ar denso. Deu um beijo na palma da mão, abaixou-se e tocou o solo deixando no pedaço de terra um "obrigada" silencioso.
Levantou-se vagarosamente, porém decidida. Deu dois passos para o lado que estava olhando ainda há pouco e voltou para o caminho do qual talvez nunca devesse ter saido. O seu.

Camila Lourenço

sexta-feira, 4 de março de 2011

Independência

Já quis te estapear, te xingar e te botar pra correr.
Te dizer que odeio sua falta de companheirismo e o desinteresse pelas pequenas coisas que costuram os pedaços de pano da roupa que nos une.
Mas, no lugar de fazer isso, corri e te abracei na intensidade da minha raiva apaixonada. Te dei carinho no lugar de tapas, e te disse calada com olhos, sorrisos, ouvidos, cabelo e pele: "continua aqui".
Mas você continuou o mesmo babaca que guardava as demonstrações do depois na sua gruta mais secreta, e a cada atitude mesquinha e silenciosa, era um pedaço teu que você matava em mim.
Hoje decidi te dar minha sentença.
Engoli meu coração.
Agora ele está onde você não pode atingir.
Pronto, agora se você quiser, já pode partir.





Camila Lourenço

quinta-feira, 3 de março de 2011

E quem disse que ser feliz não é pra já?

"Eu tenho tanta alegria, adiada, abafada, quem dera gritar... Tô me guardando pra quando o carnaval chegar..." Chico Buarque

E o pranto se faz sempre riso. A chuva sempre sol, a noite sempre dia. A tristeza alegria.
Rasguei o peito no brado e o coração voou livre.
Sorria coração, tome chuva, fique moreno, saia pra sambar, ande nas praias do mar.
Tristeza também tem fim. Sorrir é sempre possível sim.
No carnaval, no natal, hoje.
Não limitemos seu sorriso. Sorria agora porque o agora é que é o dia e o que sempre será.
Solta essa alegria abafada, guardada e dance sob o chão colorido ainda que cinza. Ser feliz é pra agora. O agora no qual você está batendo. Até o último dia, a última respiração, a última pulsação.


Camila Lourenço

quarta-feira, 2 de março de 2011

terça-feira, 1 de março de 2011

Meus silêncios estridentes

Tem dias que sou tomada por silêncios que gritam. E não sinto vontade alguma além de ficar calada e ouvi-los gritar. Gritar até estourarem meus tímpanos e fazerem com que a dor de não ouvir seja maior e pior que a dor de não sentir ou sentir demais.
Queria ser um deserto árido e denso por dentro. Mas até mesmo em meio a pedras minhas flores conseguem crescer. Eu as observo nascer enquanto ouço meu silêncio gritar. E os ecos vão até o fim e voltam a mim. E não há voz para fazer côro com os gritos silenciosos. Por que a solidão é muda e é a única presente.

Camila Lourenço

O presente mais presente

A primeira vez que você me salvou eu era só uma garotinha. Meus pés estavam machucados, minhas mãos também. Você me pegou no colo e sentou comigo no banco da praça. Pegou um espinho e furou a própria mão para que minha mão não sangrasse sozinha e me disse a palavra "pra sempre", e naquele dia, eu comecei entender de eternidade.
A segunda vez eu estava amarrotada e caída, havia queimaduras e hematomas por toda parte, e você como um polvo meio troncho veio com suas seis mãos e me levantou, limpou meus olhos, tratou meus machucados com metiolati ardido e me fez ficar de pé e aprender pisar no chão com os pés cheio de chagas. Não me adulou, nem me carregou. Só me obrigou a andar mesmo machucada. Nesse dia eu aprendi que a vida sempre continua apesar de...
Na terceira e na quarta eu estava caindo no buraco negro. Você ouviu minha voz na mente e me segurou pelos cabelos. Dessa vez não passou nenhum remédio que me doesse nem me obrigou ficar de pé sozinha. Me pegou no colo e cantou pra mim a música mais feia, aquela que me faria rir. E me olhou com aquele olho que dizia sem falar: "tudo vai ficar bem, eu tô aqui".
Você já me salvou também com seus "bom dia" coloridos, com sua mania de contar histórias e acreditar em Peter Pan.
Quando parecia o Mike Tyson de tão grande e grosseirão eu ficava com medo, e você vinha e me ensinava como bater mais forte quando eu levantasse do nocaute.
Você me obrigou dançar mesmo tendo pisado em cacos de vidro.
Sorrir mesmo com o rosto todo inchado da noite mal dormida.
A ficar no telefone sem fazer nada além de fungar e soluçar.
E ser feliz quando o que queria era desistir.
Eu te salvei também algumas vezes, mas o que importa se depois de você eu encontrei a verdadeira escrita dentro do bombom?
Tudo bem. Hoje eu entendo o que é sorrir pra dentro, ver arco-íris em céu tampado, atenção nas imitações desengonçadas, cumplicidade em almoços com conversas debochadas, companheirismo contra corações de gelo, e ver o ser humano através dos erros.
Com você eu aprendi ser companhia no coração.
Tudo bem que você tenha vários nomes e ganhe outros tantos mais a medida que a vida for seguindo. Não me importo. Meu coração te reconhece com um só nome, e esse já tem tempo que está tatuado na minha alma...Amigo!


Camila Lourenço